Sou os destroços de um fim-de-semana que se vislumbrava como bom.
Que começou giro, afectouso e confortável. Com brincadeiras e gargalhadas, com condução por ruas desconhecidas e um olhar do outro lado da mesa de quem sabe o que só mais outras duas almas sabem.
Calor, luzes, música e voltar para casa.
Sou os destroços de palavras tão bonitas e esperançosas como já não me dirigiam há muito tempo.
Sou o querer sonhar, a vontade de sorrir assim e partilhar com o remetente seja lá o que for que para aí está.
Sou o sair sozinha, sem me sentir sozinha. Sou a música que ouvi anos e só senti agora. Noutro dia falo dela... foi o que tencionava quando comecei a escrever... e é uma música tão pra cima...

Sou os destroços de um fim-de-semana que se avizinhava de festa.
De data de festa e da família no calendário. Mas vivi o oposto.
Sou os destroços de um medo pequenino de menina que se realiza, porque passam décadas e as mossas ficam.
Doeu perceber que não opino quando o destroço é o quebrar dos meus próprios pais. Fico a ver, desfeita mas sem surpresa.
Vejo a cada dia mais um pedaço de mim no meu sobrinho que, nos seus 5 anos, reage aos gritos e à discussão como eu em tempos idos, naquela mesma sala.
Sou os destroços de sair para a rua, no princípio da noite, com o meu menino pela mão, para comer um gelado no jardim e fugir da casa que treme e se desfaz mais um bocadinho,
outra vez.
O meu pai é um dos meus herois, mas é só um homem. A minha mãe é a minha fonte de vida, mas prolonga demasiado os seus limites.
Eu sou os destroços dos dois, lado a lado com a minha irmã.