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31 December, 2010

15.10.2010
Não consigo escrever o que o trabalho me demanda.
Menti-te. Omiti-te. Não interessa.
Interessa que tenho lágrimas nos olhos.
Interessa que o meu corpo não vai ser meu, em prol do futuro mais semelhante ao de todos, este fim-de-semana.
Vendida, interesseira... grito cá dentro.
A minha roda gira ao contrário. Tenho os pólos dos ímanes coincidentes, repelem-se.

E sabes do que não me esqueço?
Do brilho nos teus olhos. Da surpresa. Da vontade de estar na tua vida. Da forma como saí.
Do chá com cheiro a amêndoas. De acreditar outra vez
De acordar para a vida, da madrugada fria, das badaladas da igreja.

Sabes do que me lembro?
Do teu corpo nú, perfeito, sobre a cama. Inesperado. Tudo o que eu esperava.
Da rapidez entre sonho e palavra. Entre brincadeira e realização.
Do desejo, quase saudade, no teu beijo.
Foi um sorriso que vi?

Da minha incapacidade para falar.
Sou a Forte, que cá está por um motivo.
De quem todos se esquecem do problema ao fim de 10 minutos.
Mas neste momento, que não me parece assim tão passageiro, como o pintei na mente adolescente que escondo; só sinto a porta a fechar-se.
Tu de um lado, eu do outro. E memórias.
Tu, do hotel que difamas. Eu, do teu lenço.

Os meus homens e os lenços...

Tenho um tipo de sorte diferente. Tenho muito e agarro-me ao que falta. Ocupo o tempo menos do que devia. Ocupo o espaço que me deixam porque não me imponho.
Talvez, numa próxima vida, nos cruzemos outra vez. Triângulo de arestas agrestes.
Homem que me prende. Que reúnes as coincidências. Que me fazes voltar aos rituais, para que no fim, só me possa culpar a mim mesma.

Quero(-te) mais do que sempre mostrei.
E gostava de ser sucinta sobre isso.
Aaah espera. Eu sempre fui a que escreve demais.

Fica a adrenalina e o jeito inato.
A harmonia ritmada da certeza que os nossos corpos cumpriam.
Os olhos gélidos, a voz grave, a indiferença que morriam nos (nossos) recantos.
A intensidade do teu beijo acordou o meu gosto.
O teu corpo âncora, equilíbrio, carne e química.

Arcanjo, o que vai sobrar de nós... sou eu no teu lugar. E as sombras que ganharam luz.

2 thoughts unleashed:

Fátima Santos said...

Arrebatador. Libertador...extasiante...
Está aí tudo, um grito comprimido em palavras fortes de sentimentos. bjs

Sofia said...

Que texto lindo! Fiquei rendida :-)
Desejo-te um 2011 muito feliz, com tudo de bom!
Beijinhos,
Sofia

 
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