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01 October, 2010

Leva-me tudo que eu tenha, amor

Se duvidas que teu corpo
Possa estremecer comigo –
E sentir
O mesmo amplexo carnal,
– desnuda-o inteiramente,
Deixa-o cair nos meus braços,
E não me fales,
Não digas seja o que for,
Porque o silêncio das almas
Dá mais liberdade
às coisas do amor.
Se o que vês no meu olhar
Ainda é pouco
Para te dar a certeza
Deste desejo sentido,
Pede-me a vida,
Leva-me tudo que eu tenha
–Se tanto for necessário
Para ser compreendido.


António Botto (1897-1959)

3 thoughts unleashed:

Silent Man said...

Com calma, que há-de cair. Não se sabe como, não se sabe quem, não se sabe quando. Mas também se se soubesse não teria a mesma piada!

Quem sabe não estará na casa ao lado, na rua ao lado, na cidade ao lado...

Resta procurar sem muita insistência mas com alguma atenção!

Kiss kiss

anf said...

Não é preciso procurar as coisas acontecem quando menos se espera,
beijo grande

João Roque said...

Que bom encontrar o genial António Botto por aqui.
Obrigado.

 
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