Agora, de repente, relembrei a manhã-tarde de 23/06/2003... e Eugénio de Andrade (que naquele momento tanto me assutou...).
Pesquisei um pouco e encontrei isto... é nestes momentos que tenho pena de não ser poeta, mas louvo os que existem, e vou conhecendo.
Devias estar aqui rente aos meus lábios
Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um
- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum.
Sê paciente; espera
Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.
E neste? Parece reanimado o meu "calvário"...
As palavras
São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
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